COLETIVO
INTERCAMBIANTES

As Sussurradeiras é um grupo constituído por mulheres, há mais de dez anos, em Salvador, voltado para a prática do lúdico, sobretudo através da leitura de poesias, sussurradas aos ouvidos das pessoas através de um "sussurrador". Inicialmente constituído por dez participantes, o grupo é, atualmente, integrado por seis sussurradeiras, em geral professoras e com pós-graduação em ludicidade. Sem apoio formal dos poderes públicos ou privados, o grupo sobrevive graças a eventuais patrocínios. As escolas públicas têm merecido especial atenção do grupo. A conversa nesse PODCAST aconteceu com Lígia Gomes Caldeiras e Fernanda Spinelli Lauria.

De tempos em tempos o assédio (sexual) ganha destaque na mídia, sobretudo se o assediador ou a pessoa assediada forem figuras públicas. Em geral, trata-se de um homem o assediador, e uma mulher - a assediada. Para o psiquiatra e psicanalista pernambucano Evaldo Melo de Oliveira, o assédio implica, necessariamente, uma 'relação entre poderes desiguais e o constrangimento'. Raramente abordado convenientemente pela saúde mental e pelo direito, o assédio permeia as relações sociais de modo insidioso ou escancarado, como nas ofertas que invadem, diariamente, celulares e computadores. Do ponto de vista da psicologia, trata-se em geral de uma relação perversa, assumindo aspectos os mais diversos na família, no trabalho, no campo político, dentre outros, exigindo diferentes intervenções. Lamentavelmente, o assédio não está na agenda das necessárias discussões sociais, tornando-se um "não dito" de sérias consequências.

Gil Vicente Tavares, é um homem das Artes. Premiado produtor e diretor de teatro, professor e cronista. Alcança, ainda, a música e a poesia. Nessa Conversa, Gil Tavares considera a Arte 'como o que permite aos humanos suportarem as dores e a finitude da vida'. Reconhece que a história se repete em ciclos. Nesse momento, a humanidade está entrando "na idade do ferro", marcada, sobretudo, pela presença do facismo. Atualmente, Gil mantém coluna no jornal Correio, em Salvador, comentando as coisas do mundo.

Renata Ettinger escreveu seus primeiros versos na adolescência. Versos sobre o amor, a separação e a esperança. Foram publicados em 2002. Só voltaria a publicar quase 20 anos depois. Contudo, nesse intervalo, e sempre, esteve habitada pela poesia. Seu encontro com Elisa Lucinda, durante oficina de leitura poética em Salvador, foi "um divisor de águas": escreveu poesias e publicou outros livros: Oito Polegadas (2018), Um eu in verso (2002), GRITO: silêncios ecoando em minha voz (2020), A mesma vida é outra (2022) e Habitadores (2023). Autora e voz do projeto de áudio-poemas Quarentena com poemas - QCP (2020) e do Trago Poemas, podcast e lista de transmissão de poesia. Publicitária, para a sobrevivência, poeta para viver, Renata Ettinger promete poetizar por muito tempo.

Ana Marice Ladeia, é cardiologista, Doutora em Medicina Humana, Professora da Escola Bahiana de Saúde Pública e Pesquisadora do CNPq. Mas, 'sempre foi escritora, desde muito jovem', como afirma em suas apresentações. Em 2022 publicou as histórias que lhe contaram algumas mulheres: 'Do Amor e do Amar - Histórias de mulheres reais como você'. Em seguida publicou 'Certos Amores', também histórias contadas por homens e mulheres. Ana Marice se interessa pelos movimentos em defesa /proteção de pessoas socialmente vulneradas, para as quais dedica, sempre, parte da venda de seus livros.

Leide Bomfim, como é conhecida, apresenta-se como louca e usuária de serviço de saúde mental. Preta, nasceu em Salvador mas se considera 'filha de Alagoinhas'. Depois de um primeiro parto desenvolveu depressão que se repetiu mais tarde. Tornou-se louca, internada e violentada, física e psiquicamente. Seu encontro com Marcus Vinicius de Oliveira (Marcus Matraga), irredutível psicólogo defensor dos Direitos Humanos e Edna Amado, assistente social do Hospital Juliano Moreira de Salvador, militante da Luta Antimanicomial, mudaram sua vida pelo reconhecimento e pelo afeto. Em 2010 foi selecionada para atuar em peça de teatro dirigida pela psicóloga Renata Berenstein. Tornou-se atriz, reconhecida. Leide participa de Conselhos Sociais e milita na defesa dos Direitos Humanos no campo da saúde mental. Foi agraciada com o prêmio Brasken na categoria Atriz Revelação.

Edward John Batista das Neves MacRae, ou Edward MacRae como se tornou conhecido por suas pesquisas, escritos e militância, é filho de pai escocês e mãe brasileira. Passou os primeiros anos de sua vida na Inglaterra. Estudou psicologia e, mais tarde, antropologia. Trabalhou no Instituto de Medicina Social e Criminologia de São Paulo (IMESC-SP), onde iniciou seus estudos sobre a Canabis sativa (Maconha), tendo, posteriormente, voltado sua atenção para os usuários de drogas injetáveis (UDI's), sobretudo na prevenção da contaminação pelo HIV e, em seguida, aproximando-se dos grupos usuários de Ayahuasca na Amazônia, tornando-se uma referência no estudo dos enteógenos, também conhecidos como pseudo-alucinógenos. Seus livros 'Guiado Pela Lua - Xamanismo e uso ritual da Ayahuasca no Culto do Santo Daime', e 'Eu venho de Longe - Mestre Ireneu e seus companheiros', escrito em parceria com Paulo Moreira, são referências fundamentais. Atualmente, Edward está aposentado do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, permanecendo como Professor da Pós-Graduação na Universidade Federal da Bahia.

Eroy Aparecida da Silva e Cris Lopes, psicólogas, com larga experiência junto às populações vulneradas em situação de rua, transitam nessa conversa por diversos aspectos sociais e de saúde. Consideram que as políticas de exclusão/extermínio se tornam senso comum, ampliam o 'medo social' e retroalimentam as práticas de 'limpeza urbana'. Contrariamente a essa política, Eroy e Cris consideram a 'natureza pulsante da vida nas ruas' através das diversas atividades que desenvolvem. Sobre a morte, em particular por suicídio, constatam que, infelizmente, a academia não tem se debruçado satisfatoriamente sobre essa questão, buscado seus sentidos. Recentemente, Eroy Silva e Cris Lopes iniciaram importante movimento tendo em vista a prevenção da morte nas ruas, nas escolas e de acadêmicos, por suicídio, criando um observatório cujo sentido não é exclusivamente acadêmico, mas de integração dos órgão que trabalham com o suicícidio, sua prevenção e posvenção.

A Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, é a mais antiga confraria negra feminina que se tem notícia. Sua festa anual na cidade de Cachoeira (BA), é um marco na vida do Povo Preto, para onde se dirigem pessoas de diversas regiões do país e do exterior. A fundação da Irmandade e seu nome têm origem nas súplicas dirigidas a Nossa Senhora para que os escravos tivessem direito a enterros cristãos sob os cuidados de suas famílias. Neci Santos Leite, Yalorixá - conhecida por Mãe Nenel - ocupando o posto de Yá Morô na casa Ylê Oyó Mecê Alaketu Axé Ogum Onirê - foi eleita para conduzir os festejos no ano de 2025.